Esta edição do laboratório internacional de criação artística junta em Coimbra 12 artistas de Portugal, Espanha, Suécia, Brasil, Chile, que nos trazem projetos que pretendem discutir com a cidade, seus pares e outras áreas sociais e humanas distintas formas de pensar e enfrentar os medos pessoais e sociais que nos rodeiam. No mundo contemporâneo, marcado por desafios sociais, políticos e económicos, enfrentar os medos tornou-se uma tarefa essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, um passo crucial em direção à transformação social. A necessidade de uma análise crítica da nossa sociedade e das suas estruturas de poder é essencial enquanto indivíduos, e acreditamos que só através de resistência coletiva conseguimos uma resposta eficaz às formas de dominação. E também acreditamos que a arte pode desafiar as normas sociais e criar espaços de resistência e transformação. De acordo com a teórica Bojana Kunst, ao expressar os nossos medos e preocupações por meio da arte, podemos criar um espaço para confrontar e superar essas emoções, ao mesmo tempo que construímos solidariedade e conexão com os outros.Neste laboratório desafiamos os artistas participantes a reconhecer e confrontar medos, mas também a criar um espaço para a transformação pessoal e social, usando a arte como um canal para gerar empoderamento e solidariedade e possibilitando a construção de um mundo mais compassivo e resiliente.
O laboratório foi concebido como espaço de criação mas também de troca, pensado como uma Zona Autónoma Temporária, segundo o conceito de Hakim Bey, com momentos de trabalho coletivo e períodos de trabalho pessoal. Esta metodologia permite, por um lado, o desenvolvimento de processos pessoais de criação e investigação, acompanhados por
Gustavo Ciríaco, artista convidado para acompanhar e questionar individualmente os artistas e projetos seleccionados; mas também aproveitar a presença de outros artistas do festival para conversas individuais, assim como promover a interação com os seus pares.
No âmbito do laboratório teremos algumas atividades públicas que se partilham com a cidade. logo no seu início, os artistas participantes apresentam-se a si e aos seus projetos, haverá dois workshops que se abrem também à comunidade local e nacional: um laboratório desenvolvido por Gustavo Ciríaco, onde os participantes serão guiados por uma jornada de descoberta e reflexão em torno de suas práticas, explorando as possíveis conexões entre a intenção e o incidental, entre conflitos e resoluções e um workshop orientado por Paloma Calle onde os participantes mergulham nas profundezas da criação artística, utilizando as ferramentas da Terapia Gestalt como uma lente para examinar a obra de arte, o processo criativo e sua criadora e todas as dinâmicas relacionais entre pessoas. Integramos nas atividades do laboratório o lançamento do jornal Coreia, que temos vindo a acolher desde o seu número 6. Alguns destes artistas poderão querer apresentar os seus processos em trabalho, marcámos o fim-de-semana de 16 e 17 de Novembro para uma programação que se fará nos seus espaços de trabalho mas em que também convidamos os espetadores a assistir e a entrar no mundo artístico de todas as dúvidas e potenciais do processo de criação artística. Num grupo com tantas origens e backgrounds distintos, temos a certeza de que será um terreno fértil para o pensamento crítico e a exposição de sensibilidades entre todos. Estejam atentas, há muita coisa a acontecer durante Novembro!