Também se matam cavalos
Também se matam cavalos
Lucas Damiani
No items found.
No items found.

No Brasil, durante nove décadas, existiu um hospício, o Hospital Colónia de Barcarena, onde pessoas marginalizadas, gays, mulheres, inimigos políticos da elite, alcoólicos sem casa, crianças indesejadas, andarilhos, epiléticos eram encerrados junto a pessoas diagnosticadas com problemas de saúde mental e todas recebiam o mesmo tratamento brutal instituído por um sistema que não as queria. Mais de 60 mil pessoas morreram no que se denominou de Holocausto Brasileiro. Estas higienizações sociais continuam a existir, matam-se subjetividades, matam-se negros, pobres, refugiados, mulheres, travestis, sonhadores, militantes.

Nesta peça, Cavalcanti constrói uma fuga. 

E se quatro pessoas fugitivas desse hospital estão na estrada, partilhando um pacto comum? E se eles pensam que são uma banda rock em tourné? E se estão escondidas numa garagem ou prédio abandonado a ensaiar para um concerto mas sem instrumentos? Quem são essas pessoas, o que sentem, como se relacionam entre si? Quais os limites entre a loucura e a imaginação? Como manter pensamentos e corpos livres como uma criança que (ainda) não está condicionada como ser social e produtivo?

Cavalcanti queria fazer uma peça onde as pessoas se emocionassem. Gosta de pensar na sua mãe quando faz peças, imaginar um mundo melhor para ela, para as pessoas que ama e mesmo para as pessoas que não conhece. Como materializar isso numa dança? 

Matam-se cavalos quando estes deixam de ser úteis para o ser humano, como se algo ou alguém tivesse que ter alguma utilidade. Esta peça é sobre uma manada de cavalos que corre livre no campo aberto, exaustos, porém felizes; não sabem que vão morrer na guerra. Essa peça é um exercício sobre a liberdade. 

For nine decades, in Brazil, existed a mental asylum, the Hospital Colónia de Barcarena, where marginalized people—gays, women, political enemies of the elite, homeless alcoholics, unwanted children, wanderers, epileptics—were confined alongside those diagnosed with mental health issues. All received the same brutal treatment instituted by a system that did not want them. More than 60,000 people died in what came to be known as the Brazilian Holocaust. These social 'cleansings' continue to exist today, killing subjectivities, killing black people, the poor, refugees, women, trans people, dreamers, militants.

In this piece, Cavalcanti constructs an escape. What if four fugitives from this hospital are on the road, sharing a common pact? What if they believe they are a rock band on tour? What if they are hiding in a garage or an abandoned building, rehearsing for a concert, but without instruments? Who are these people, what do they feel, and how do they relate to one another? What are the boundaries between madness and imagination? How do you keep thoughts and bodies free like a child who (still) isn’t conditioned to be a social and productive being?

Cavalcanti wanted to create a piece that would move people emotionally. He likes to think of his mother when he makes his pieces, imagining a better world for her, for the people he loves, and even for those he doesn’t know. How can this be materialized in a dance? Horses are killed when they are no longer useful to humans, as if something or someone had to have a utility. This piece is about a herd of horses running free in the open field, exhausted but happy; they do not know they will die in war. This piece is an exercise in freedom.

Também se matam cavalos
Também se matam cavalos
Datas
Dates
29 Nov 2024

19h

Preço
Price
Geral: € 8 Estudantes; ≥65 anos; grupos ≥ 10 pessoas; desempregados; profissionais de artes performativas e de música: €6 "Alunos: €2 – sessões para escolas
Duração
Duration
70 min
Faixa etária
Audience
M/16
Reservas
Tickets
bilheteira@coimbraconvento.pt
Bilhetes
Tickets
Eventos relacionados
Related events
No items found.
Documentação
Documentation

Créditos

Criação, interpretação  e direção francisco thiago cavalcanti

Cocriação e interpretação bárbara cordeiro, francisca pinto e piero ramella

Colaboração na criação clara kutner, lander patrick e lisa nelson

Acompanhamento artístico joão fiadeiro, carolina campos e daniel pizamiglio

Luz e direção técnica santiago rodriguez tricot

Apoios fórum dança, l ’obrador espai de creació, la caldera, transborda

Coprodução teatro do bairro alto

Fotografia safire hikari , lucas damiani , clara kutner, joão fiadeiro

Agradecimentos lia rodrigues, marlene monteiros de freitas, katarina lanier, jovan monteiro, equipe do pacap 5 e do fórum dança

Credits

Creation, Interpretation, and Direction Francisco Thiago Cavalcanti

Co-creation and Interpretation Bárbara Cordeiro, Francisca Pinto, and Piero Ramella

Collaboration in Creation Clara Kutner, Lander Patrick, and Lisa Nelson

Artistic Support João Fiadeiro, Carolina Campos, and Daniel Pizamiglio

Lighting and Technical Direction Santiago Rodriguez Tricot

Support Fórum Dança, L’Obrador Espai de Creació, La Caldera, Transborda

Co-production Teatro do Bairro Alto

Photos Safire Hikari, Lucas Damiani, Clara Kutner, João Fiadeiro

Acknowledgments lia rodrigues, marlene monteiros de freitas, katarina lanier, jovan monteiro, equipe do pacap 5 e do fórum dança

Francisco Thiago Cavalcanti
Francisco Thiago Cavalcanti