FUGA PARA O CAMPO
Convite à manifestação de interesse a artistas e profissionais das artes de Coimbra e região
LOCAL: Bruscos, Vila Seca (Condeixa-a-Nova)
MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE ATÉ: 21 de Fevereiro através de formulário, aqui
A manifestação de interesse não implica seleção. As pessoas e coletivos interessad_s no projeto receberão a informação se o projeto se integra dentro da missão de Linha de Fuga até ao dia 24 de Fevereiro
PRIMEIRA REUNIÃO DE ESCLARECIMENTO SOBRE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO: 28 de Fevereiro
DATAS DE REALIZAÇÃO DO PROJETO: de Março a Julho de 2025
Iniciamos o projeto de mediação artística Fuga para o Campo em aldeias da freguesia de Vila Seca e Bendafé. Juntamos artistas, profissionais das artes, ativistas e académicos da cidade de Coimbra e região para participar num projeto que pretende juntar desejos em relações de pensamento e prática artística e social sobre territórios rurais e suas populações.
A intenção é trabalhar com as populações temas que sejam interessantes quer para o grupo de artistas, profissionais das artes e ativistas envolvidos, quer para as populações destes territórios.
Como estabelecer um diálogo entre práticas artísticas e contexto? O que é interessante para o território que é também interessante para o criador? Para que nos interessa estabelecer estas relações? Estas são questões que levantamos no início do projeto e que nos acompanharão ao longo do mesmo.
Premissas do projeto
A medição cultural em áreas rurais desempenha um papel crucial na dinamização das comunidades, facilitando o acesso à cultura e promovendo a participação ativa dos habitantes e pode atuar como uma ponte entre o público e o objeto cultural, permitindo uma apropriação significativa por parte da comunidade. Envolve a criação de experiências que ressoam com as vivências locais, promovendo um sentimento de pertença e valorização do património cultural.
Fuga para o Campo define uma área de atuação mais específica, ao se situar no campo da mediação artística. Considerando a importância da mediação cultural, pretende focar-se na experiência estética e no processo de fruição e entendimento das artes contemporâneas performativas dentro de contextos rurais. Trabalharemos utilizando práticas artísticas participativas, fazendo uso de ferramentas usadas em Assembleias Comunitárias, de forma a permitir colaboração e diálogo direto entre artistas e comunidades onde trabalharemos, com a intenção de fortalecer os laços comunitários, promover a inclusão social e estimular a reflexão crítica sobre questões locais através das artes. Sendo um projeto experimental, a nossa intenção é promover uma reflexão de ambos os agentes: artistas e profissionais das artes por um lado, vindos de um contexto urbano e habitantes locais de territórios rurais, espaços quase virgens na exposição a artes performativas contemporâneas, ainda que não distantes de centros urbanos.
O que conseguiremos fazer? Até que ponto as artes performativas contemporâneas são um apanágio da cultura urbana? Seremos capazes de dialogar e cativar populações mais habituadas a olhar a cultura como forma de entretenimento e não como uma forma de revitalizar o espírito crítico de uma população e promover o seu desenvolvimento? Teremos êxito?
Desafios e Oportunidades
Um dos principais desafios na implementação de projetos artísticos em contextos rurais é estabelecer um diálogo significativo entre as práticas artísticas e o contexto local. É essencial que os temas abordados sejam relevantes tanto para os artistas e profissionais das artes quanto para as comunidades, garantindo uma troca enriquecedora.
Com este projeto pretendemos uma troca que permita aos artistas desenvolver as suas ideias, respeitando o contexto e considerando que tudo deve ser feito de acordo com uma ética não extrativista, mas antes colaborativa. Este é também um projeto de educação indisciplinar baseado no respeito e nas liberdades e vivências de cada participante (artista e habitante). Ao questionar como estabelecer um diálogo entre práticas artísticas e o contexto rural, é fundamental adotar uma abordagem de escuta ativa e colaboração mútua. Isso implica reconhecer e valorizar o conhecimento e as experiências das comunidades locais, convidando-as a entender as lógicas de criação artística. Dessa forma, as intervenções artísticas tornam-se mais significativas e sustentáveis, ajudando no desenvolvimento de competências de avaliação críticas do que queremos fazer quando fazemos arte.
Onde se desenvolve o projeto e porquê ali
Focamo-nos em duas aldeias onde Linha de Fuga tem vindo a desenvolver algumas atividades desde 2020, Bruscos e Vila Seca (concelho de Condeixa-a-Nova), a cerca de 20km de Coimbra. Tendo sido experiências esporádicas de acolhimento de residências de artistas de dança e performance, tomámos consciência de que teríamos duas opções: continuar a acolher residências, abrindo as portas dos processos com pequenas conversas após estas apresentações ou dar um passo maior e permitir mergulhar em experiências que implicam um pensamento mais profundo sobre o que pode significar o que fazemos neste território e em conjunto com a sua população.
As residências têm sido acolhidas na Casa de Bruscos, um espaço que permite receber projetos pequenos, e que tem estabelecido algumas relações com organizações locais ou mesmo de outras aldeias e vilas (Alfafar e Montemor-o-Velho), onde temos parceiros cúmplices.
Sem sistema de transportes públicos assíduo (dois autocarros por dia em ambas as direções que demoram uma 1h entre origem e destino) impede o desenvolvimento da democracia cultural, tão defendida hoje em dia, a pessoas sem meios próprios de transporte.
Bruscos e Vila Seca são aldeias vizinhas, uma no alto, com a sua igreja (Vila Seca) e outra no vale com a sua escola, agora desativada (Bruscos). Ambas pertencem à União de Freguesias de Vila Seca e Bendafé que reúne as aldeias de Alcouce, Beiçudo, Bruscos, Casal dos Balaus, Mata, Ribaldo, Traveira e Vila Seca, com uma população total de quase 900 habitantes. Foram em tempos lugares com uma vitalidade agrícola grande, produtoras de vinho, com animais nas terras mas, atualmente, são aldeias onde não é fácil encontrar pessoas na rua e onde uma estrada rápida atravessa a aldeia de Bruscos. No entanto, as suas populações são atentas e curiosas. Ambas têm o seu Centro Cultural e Recreativo e várias atividades que permitem que os seus habitantes se juntem. Mas também estas aldeias se estão a transformar em dormitórios das vilas e cidades mais próximas. Juntam novas pessoas com os antigos habitantes e muitos dos jovens saem para outros destinos mais pulsantes e com mais oportunidades.
Com belíssimas paisagens, em ambas as aldeias existem dezenas de caminhos rurais bem preservados que nos levam a outras aldeias, com florestas antigas que os acompanham. A fauna é bastante variada e não é difícil ver javalis, raposas e também veados.
É neste contexto que pretendemos entrar, truz truz! Dá licença? Podemos conversar e fazer coisas junt_s?
Metodologias
Depois de definido um grupo de artistas/profissionais das artes/ativistas/investigadores interessados em desenvolver o projeto e ir para o campo, as decisões a serem tomadas ao longo do projeto serão feitas coletivamente. Esta é uma premissa constante, a auto-gestão do grupo é fundamental para que seja viável.
Vamos pensar em conjunto o que é interessante fazer, como fazer e que recursos devem ser usados para cada possibilidade de interseção entre arte e território. Trabalharemos coletivamente, de acordo com os eixos de atuação de Linha de Fuga. Assumimos que existe uma estética e uma vontade, mas que esta é inclusiva e pode assumir distintos formatos.
Por outro lado, sendo um projeto participativo que pode ativar distintas frentes, Linha de Fuga utilizará uma metodologia de diálogo com as populações baseada em Assembleias Comunitárias, juntando vontades de artistas e habitantes. Quem, como, porquê e para quê são perguntas que serão lançadas a tod_s entre encontros que incluem comida e espaços para muitos encontros.
Ao longo do período de desenvolvimento, a Casa de Bruscos estará disponível para acolher artistas/profissionais das artes/ativistas/investigadores que definirão o seu tempo de residência de acordo com a proposta, habitantes e associações com que querem colaborar. Para além deste espaço, colaboram e disponibilizam espaços e informações as duas associações locais que gerem os Centros Culturais das aldeias que habitaremos e a Junta de Freguesia.
Paralelamente, teremos também interferências de outros projetos do Lugar do Meio (Alfafar – 1h a pé por caminhos rurais) que nos podem visitar e lançar desafios e que podemos também visitar.
Os projetos serão acompanhados pela equipa de Linha de Fuga, a nível de produção, mediação, arquivo, comunicação e mentorias artísticas, com encontros entre tod_s para feedbacks sobre o desenvolvimento de cada investigação e propor possíveis cruzamentos. Ao longo do período de desenvolvimento, podem ser propostas atividades abertas e, no final deste período e em conjugação com outras associações do território, pensaremos na forma de integrar estes projetos nas festas e romarias das aldeias.
Por fim, voltamos a Coimbra, com a bagagem cheia de experiências, com novos amigos que queremos também trazer connosco. No final de Julho apresentamos este projeto no âmbito do Festival Epicentro.
E esta experiência poderá continuar ao longo do ano, com mais autonomia por parte de cada pessoa interessada mas, se tudo correr bem, voltamos no ano seguinte e no outro e no outro...
Etapas de desenvolvimento:
Até 21 de Fevereiro - Manifestação de interesse por parte de artistas/profissionais das artes/ativistas/académic_s/ coletivos locais (de Coimbra e região)
28 de Fevereiro - Primeiro encontro entre tod_s _s artistas, profissionais das artes, ativistas e académic_s interessados em participar. Neste encontro faremos a apresentação do projeto, e definiremos as vontades de tod_s _s interessados.
Março
> primeira formação sobre mecanismos de desenvolvimento de assembleias comunitárias com tod_s _s participantes (a definir número de formações necessárias para desenvolver o projeto junto com a comunidade)
> levantamento de características da região por parte de participantes
> encontros e conversas com associações locais no terreno e habitantes para levantamento de características do território e primeiros interesses de focos de trabalho
> divulgação junto da população do projeto e convite direto aos habitantes para conversas sobre as aldeias
Final de Março – primeiro encontro com a comunidade > almoço comunitário e definição de interesses a partir de ferramentas aprendidas na formação sobre assembleias comunitárias
Abril a Junho – desenvolvimento de projeto: encontros e residências de pequena duração na casa de Bruscos, trabalho de campo e encontros com pessoas e associações da comunidade interessadas em participar
Final de Junho e Julho – apresentações de processos e diálogos desenvolvidos no âmbito das festas das aldeias e regresso a Coimbra - integração das práticas e processos desenvolvidos no festival Epicentro
Transportes:
de Coimbra a Bruscos/Vila Seca > autocarro às 13h e às 17h durante a semana, sem transportes ao fim-de-semana (1h de viagem)
de Bruscos a Coimbra > autocarro às 6h30 e às 14h30 durante a semana, sem transportes ao fim de semana (1h de viagem)
ESCAPE TO THE COUNTRYSIDE
Call for Expressions of Interest from Artists and Arts Professionals in Coimbra and the Region
LOCATION: Bruscos, Vila Seca (Condeixa-a-Nova)
EXPRESSION OF INTEREST DEADLINE: February 21 via form, here
Expressing interest does not imply selection. Individuals and collectives interested in the project will be informed by February 24 if the project aligns with the mission of Linha de Fuga.
FIRST INFORMATION MEETING ON PROJECT DEVELOPMENT: February 28
PROJECT DURATION: March to July 2025
We are launching the artistic mediation project Escape to the Countryside in villages of the Vila Seca and Bendafé parish. We bring together artists, arts professionals, activists, and academics from Coimbra and the region to participate in a project that aims to connect aspirations in artistic and social thinking and practice concerning rural territories and their populations.
The goal is to work with local populations on themes that are of interest both to the group of artists, arts professionals, and activists involved, as well as to the inhabitants of these territories.
How can we establish a dialogue between artistic practices and the local context? What is meaningful for the territory that is also meaningful for the creator? Why do we seek to establish these relationships? These are some of the questions raised at the beginning of the project and will accompany us throughout its development.
PROJECT PREMISES
Cultural mediation in rural areas plays a crucial role in community engagement, facilitating access to culture, and promoting active participation among residents. It serves as a bridge between the audience and cultural objects, allowing for meaningful community appropriation. This involves creating experiences that resonate with local life, fostering a sense of belonging and appreciation for cultural heritage.
Escape to the Countryside focuses on a specific area of action by situating itself within the field of artistic mediation. Recognizing the importance of cultural mediation, it aims to concentrate on the aesthetic experience and the process of enjoyment and understanding of contemporary performing arts within rural contexts. We will work using participatory artistic practices, employing tools from Community Assemblies to enable collaboration and direct dialogue between artists and the communities we engage with, aiming to strengthen community bonds, promote social inclusion, and stimulate critical reflection on local issues through the arts. As an experimental project, our intention is to foster reflection among both groups: urban-based artists and arts professionals, on one hand, and rural inhabitants, whose exposure to contemporary performing arts has been limited, despite their proximity to urban centers.
What will we be able to achieve? To what extent are contemporary performing arts an exclusive domain of urban culture? Can we engage and captivate populations more accustomed to viewing culture as entertainment rather than as a means of revitalizing critical thought and fostering development? Will we succeed?
CHALLENGES AND OPPORTUNITIES
One of the main challenges in implementing artistic projects in rural contexts is establishing a meaningful dialogue between artistic practices and the local setting. It is essential that the themes addressed are relevant both to artists and arts professionals and to the communities involved, ensuring an enriching exchange.
With this project, we seek an exchange that allows artists to develop their ideas while respecting the local context, adhering to an ethical approach that is non-exploitative but rather collaborative. This is also an interdisciplinary education project based on respect, freedom, and the experiences of each participant (both artist and resident). As we question how to establish a dialogue between artistic practices and rural contexts, it is crucial to adopt an approach of active listening and mutual collaboration. This means recognizing and valuing the knowledge and experiences of local communities, inviting them to understand artistic creation processes. In this way, artistic interventions become more meaningful and sustainable, helping develop critical evaluation skills regarding the purpose and impact of artistic endeavors.
WHERE THE PROJECT TAKES PLACE AND WHY
We focus on two villages where Linha de Fuga has been developing activities since 2020: Bruscos and Vila Seca (Condeixa-a-Nova municipality), about 20 km from Coimbra. Having hosted occasional residencies for dance and performance artists, we realized we had two options: continue hosting residencies with small discussions following performances, or take a bigger step and immerse ourselves in experiences that involve deeper reflection on what our work means in this territory and in collaboration with its people.
Residencies have taken place at Casa de Bruscos, a space suited for small projects that has established relationships with local organizations and even other villages and towns (Alfafar and Montemor-o-Velho), where we have partners.
The lack of frequent public transport (only two buses per day in both directions, taking an hour to reach their destination) hinders cultural democracy, which is so often advocated today, for those without private transport.
Bruscos and Vila Seca are neighboring villages—one located on a hill with its church (Vila Seca), the other in the valley with its now-closed school (Bruscos). Both belong to the Vila Seca and Bendafé Parish Union, which includes the villages of Alcouce, Beiçudo, Bruscos, Casal dos Balaus, Mata, Ribaldo, Traveira, and Vila Seca, with a total population of nearly 900. Once thriving agricultural communities producing wine and raising livestock, today these villages are places where it is rare to see people in the streets, and a major road cuts through Bruscos. Nevertheless, the populations are attentive and curious. Both villages have their own Cultural and Recreational Centers with various activities that bring residents together. However, these villages are also gradually becoming bedroom communities for nearby towns and cities, with newcomers mingling with old residents, while many young people leave in search of livelier, opportunity-filled places.
With beautiful landscapes, both villages have numerous well-preserved rural trails leading to other villages, flanked by ancient forests. Wildlife is abundant, with frequent sightings of wild boars, foxes, and even deer.
It is in this context that we seek to enter: knock knock! May we come in? Can we talk and create together?
METHODOLOGIES
Once a group of interested artists/arts professionals/activists/researchers has been identified, decisions throughout the project will be made collectively. This principle is constant—self-management of the group is essential for feasibility.
Together, we will decide what is interesting to do, how to do it, and what resources to use for each intersection between art and territory. We will work collectively, following the guidelines of Linha de Fuga. We assume there is an aesthetic direction and intention, but that it remains inclusive and can take various forms.
As a participatory project that can activate multiple fronts, Linha de Fuga will employ a methodology based on dialogue with local populations through Community Assemblies, aligning the desires of artists and residents. Who, how, why, and for what purpose are questions we will pose to all, in gatherings that include shared meals and spaces for conversation.
Throughout the development period, Casa de Bruscos will be available to host artists/arts professionals/activists/researchers, who will determine their residency duration based on their proposal, the residents, and the associations they wish to collaborate with. Additionally, local cultural centers and the Parish Council will support the project with space and information.
At the end of the project, we return to Coimbra, enriched with experiences and new friends we hope to bring along. In late July, we will present this project as part of the Epicentro Festival.
And this experience may continue throughout the year, with more autonomy for those involved. If all goes well, we will return next year, and the year after, and the next...
TRANSPORTATION:
Coimbra to Bruscos/Vila Seca > Bus at 1:00 PM and 5:00 PM on weekdays, no weekend service (1-hour journey)
Bruscos to Coimbra > Bus at 6:30 AM and 2:30 PM on weekdays, no weekend service (1-hour journey)
-