Linha de Fuga acolhe em residência a criadora espanhola Paloma Calle, num projeto de investigação artística intitulado Paloma Calle que se calle, em colaboração com a premiada escritora peruana Gabriela Wiener.
Segundo diz a artista, “Paloma Calle que se calle foi a primeira frase que o patriarcado - representado por rapazes que se achavam no direito de me mandar calar - injetou em mim. A expressão "Paloma Calle que se calle", dita em coro e com sarcasmos, era frequentemente usada pelos meus colegas rapazes da escola em situações em que eu os questionava, quando recusava obedecer aos mandamentos dos estereótipos de género que me eram impostos ou quando defendia as minhas amigas dos seus ataques ou assédios, amigas menos confrontacionais do que eu, mas que confiavam em mim para manter os rapazes à distância. Ao longo da minha vida, fiquei em silêncio em muitas, inúmeras situações em que desejei falar ou gritar. E, como eu, absolutamente todas as mulheres que conheço.”
É devido ao lugar de silêncio a que o patriarcado ainda relega as mulheres, especialmente no espaço público, que a criadora se propõe a assumir a voz, ter agência e apropriar-se do seu lugar de expressão que lhe foi retirado enquanto mulher, lésbica, mãe divorciada, artista precária, pessoa neurodivergente, vítima de violência sexual.
Partindo do formato de Stand-up comedy, um dispositivo que experimentará pela primeira vez na sua carreira de artista, pretende narrar e contar a sua vida com HUMOR, erguer a sua voz e contar a sua história, não a partir de um lugar de vítima, embora o tenha sido, mas a partir de um lugar de sobrevivente, tomando como ponto de partida o facto de ser uma mulher branca, europeia, cisgénero, que também deve ser consciente dos seus privilégios e do seu lugar de expressão.
Linha de Fuga hosts the Spanish creator Paloma Calle in residence, in an artistic research project entitled Paloma Calle que se calle, in collaboration with the award-winning Peruvian writer Gabriela Wiener.
According to the artist, "Paloma Calle que se calle was the first sentence that the patriarchy - represented by boys who thought they had the right to tell me to shut up - injected it into me. The expression "Paloma Calle que se calle", said in chorus and with sarcasm, was often used by fellow boys at school in situations in which I questioned them, when I refused to obey the commandments of the gender stereotypes imposed on me or when I defended my friends from their attacks or harassment, friends who were less confrontational than me, but who trusted me to keep the boys at a distance. Throughout my life, I have remained silent in many, countless situations where I have wanted to speak or scream. And, like me, absolutely every woman I know.”
It is due to the place of silence to which patriarchy still relegates women, especially in public space, that the creator proposes to assume her voice, have agency and appropriate her place of expression that was taken away from her as a woman, a lesbian, divorced mother, precarious artist, neurodivergent person, victim of sexual violence. Starting from the Stand-up comedy format, a device that she will try for the first time in her career as an artist, she intends to narrate and tell her life with HUMOR, raise her voice and tell her story, not from a place of a victim , although she was one, but from a place of a survivor, taking as a starting point the fact that she is a white, European, cisgender woman, who must also be aware of her privileges and her place of expression.
This residence is hosted in collaboration with the Portuguese Institute of Sports and Youth of Coimbra and with the support of Ación Cultural Española.
18h30