Rafael Campos
Rafael Campos
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Brasil
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JULIANO MATTOS

Rafael Campos (Maringá, Brasil, 1985) é artista transdisciplinar que atua nas áreas artísticas, académicas e do ativismo. Residente em Porto desde 2022, onde é doutorando em Arte Educação pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, bolseiro da Fundação para Ciência e Tecnologia (Ref 2023.04734.BD) e pesquisador do I2ADS (Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade). É performer, percussionista e pesquisador. Partilha a existência com Tuca Malungo, um tigre ancestral que se materializa em aparições para AFROntar o racismo estrutural, problematizar a esfera pública e buscar a desalienação do corpo/território negro. Tuca Malungo cruza o tempo espiralar para visibilizar o que a amnésia social esconde, elabora o trauma colonial com o objetivo de superação, cura e promoção de justiça social. Arquiteto de formação (UEM), mestre em arquitetura (UFSC), o seu trabalho tem um apurado perfil site-specific, criando obras que dialogam com o contexto e a arquitetura dos locais, integrando elementos culturais e históricos de maneira crítica, que criam corpografias contracoloniais sobre corpo e cidade. Ativista em temas relacionados à raça, identidade e interculturalidade, é fundador e líder do Coletivo Quilombo Porto (2023) e do grupo Tigre Tuca e os Malungos, além de integrar como percussionista o grupo Batucada Radical (2023). Em 2024, Rafael ganhou o prémio de excelência da exposição de arte contemporânea “Imagens que são atos” (Porto), pela imagem “AFROnta dos Malungos” em colaboração com Igor Prado e Thais Guimarães. No Porto, realizou performances/aparições no Museu Serralves, Festival Quilombo Trema, Cultura Cidade: Um Direito!, Abriu Festival de Performances entre outras. No Brasil, realizou performances no Museu da Escola de Santa Catarina, integrou o Fogança, grupo universitário de danças folclóricas, fez parte do coletivo de dança Lundu, dedicado ao samba de gafieira, e integrou o grupo de percussão Africatarina.

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Rafael Campos (Maringá, Brazil, 1985) is a transdisciplinary artist active in the artistic, academic, and activism fields. A resident of Porto since 2022, he is a doctoral candidate in Art Education at the Faculty of Fine Arts of the University of Porto, a fellow of the Foundation for Science and Technology (Ref 2023.04734.BD), and a researcher at I2ADS (Institute for Research in Art, Design, and Society). He is a performer, percussionist, and researcher. He shares his existence with Tuca Malungo, an ancestral tiger who manifests in appearances to AFROntar structural racism, question the public sphere, and seek the de-alienation of the black body/territory. Tuca Malungo traverses spiral time to make visible what social amnesia conceals, elaborating on colonial trauma with the goal of overcoming, healing, and promoting social justice.

An architect by training (UEM) and holding a master's degree in architecture (UFSC), his work has a refined site-specific profile, creating works that engage with the context and architecture of places, integrating cultural and historical elements in a critical manner, creating counter-colonial corpographies about the body and the city. An activist on issues related to race, identity, and interculturality, he is the founder and leader of the Coletivo Quilombo Porto (2023) and the group Tigre Tuca e os Malungos, in addition to being a percussionist in the group Batucada Radical (2023). In 2024, Rafael received the excellence award at the contemporary art exhibition "Images that are Acts" (Porto) for the image “AFROnta dos Malungos,” in collaboration with Igor Prado and Thais Guimarães. In Porto, he has performed/made appearances at the Serralves Museum, Quilombo Trema Festival, Cultura Cidade: Um Direito!, and Abriu Festival de Performances, among others. In Brazil, he performed at the Museum of Santa Catarina School, was part of Fogança, a university group of folk dances, and was involved with the Lundu dance collective, dedicated to samba de gafieira, and with the percussion group Africatarina.

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Laboratório:
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JULIANO MATTOS
Projeto
Aparição "Portugal Pequenino"
Project
Aparição "Portugal Pequenino"

As aparições de Tuca Malungo são manifestações da ancestralidade afrodiaspórica perante a amnésia cultural. Pretendem problematizar a relação entre corpos negros e a cidade, especificamente as marcas do racismo estrutural no espaço urbano. No laboratório pretende trabalhar uma narrativa contra-colonial do parque temático “Portugal dos Pequenitos” em Coimbra e evidenciar o medo racial e delírio colonial infantilizado. Tuca Malungo, é um ex-escravizado tigre representado por Debret, entre 1920/30 que se corporifica em Rafael Campos, em aparições que o libertam, resgataram sua identidade e realeza.

O título “portugal pequenino” tensiona a edificação e ironiza a campanha publicitária “Portugal não é um país pequeno”. O parque foi construído durante o Estado Novo (1940) com o propósito de ser um espaço pedagógico e turístico. Apresenta uma narrativa colonial infantilizada, representações estereotipadas e violentas, esculturas de homens negros de lábios vermelhos enormes e sem roupa representam afrodescendentes como primitivos e exóticos. Segundo Bruno Sena Martins (2021), a afirmação de grandeza imperial buscava contrapor-se à pequenez resultante do estatuto subalterno de Portugal no contexto europeu. Rafael tem explorado o conceito de Aparições desde 2021, com performances em diferentes contextos no Brasil e Portugal. As aparições de Tuca Malungo são mais do que performances; são AFROntas à branquitude, uma interpelação à esfera pública.

A residência no Laboratório será uma oportunidade crucial para desenvolver e aprimorar esta investigação, contribuindo para a criação de novas perspectivas e contra-narrativas afrofuturistas, pretendendo trabalhar vários eixos: a desconstrução de Narrativas Coloniais; interagir com o Espaço Urbano; evocar a Ancestralidade; sensibilizar e educar, engajando o público em reflexões sobre racismo estrutural e colonialismo através de uma abordagem artística; explorar a integração de tecnologias digitais e novas dimensões performáticas para ampliar o alcance e impacto da obra.

Agradecimentos:

À Fundação para Ciência e Tecnologia (FCT) de Portugal pela bolsa de pesquisa de doutoramento, à Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade (I2ADS), ao Festival Linha de Fuga pela oportunidade de desenvolvimento do projeto junto do laboratório. Ao coletivo Quilombo Porto e Batucada Radical, pela colaboração em performances anteriores, e a todas as pessoas e ancestrais que contribuíram direta ou indiretamente na aparição de Tuca Malungo.

The appearances of Tuca Malungo are manifestations of Afrodiasporic ancestry in the face of cultural amnesia. They aim to problematize the relationship between black bodies and the city, specifically the marks of structural racism in urban space. In the laboratory, he intends to work on a counter-colonial narrative of the theme park "Portugal dos Pequenitos" in Coimbra, highlighting racial fear and the infantilization of colonial delirium. Tuca Malungo is a formerly enslaved tiger represented by Debret between 1920 and 1930, who is embodied in Rafael Campos, in appearances that liberate him, reclaiming his identity and royalty.

The title “portugal pequenino” (little Portugal) creates tension and ironically comments on the advertising campaign “Portugal is not a small country.” The park was built during the Estado Novo (1940) with the purpose of being an educational and tourist space. It presents a childlike colonial narrative, with stereotyped and violent representations; sculptures of black men with enormous red lips and no clothing depict Afro-descendants as primitive and exotic. According to Bruno Sena Martins (2021), the assertion of imperial greatness sought to counter the smallness resulting from Portugal's subaltern status in the European context. Rafael has been exploring the concept of Appearances since 2021, with performances in different contexts in Brazil and Portugal. The appearances of Tuca Malungo are more than performances; they are AFROntas to whiteness, an interpellation of the public sphere.

The residency in the laboratory will be a crucial opportunity to develop and enhance this investigation, contributing to the creation of new perspectives and afrofuturist counter-narratives, intending to work on various axes: the deconstruction of Colonial Narratives; interaction with Urban Space; evoking Ancestry; raising awareness and educating, engaging the public in reflections on structural racism and colonialism through an artistic approach; exploring the integration of digital technologies and new performative dimensions to broaden the reach and impact of the work.

Acknowledgments: To the Foundation for Science and Technology (FCT) of Portugal for the doctoral research scholarship, to the Faculty of Fine Arts at the University of Porto, to the Institute for Research in Art, Design, and Society (I2ADS), and to the Festival Linha de Fuga for the opportunity to develop the project alongside the laboratory. To the Quilombo Porto collective and Batucada Radical for their collaboration in previous performances, and to all the people and ancestors who contributed directly or indirectly to the appearance of Tuca Malungo.