Travesti nascida no Equador, atualmente mora no reino da Espanha. A sua trajetória começa na psicanálise, passa pela mediação artística, desdobra-se na pesquisa artística e encarna na identidade travesti. O seu trabalho foca-se na infância, suscitando conexões, dissidências, espaço público, migração e corpos e as suas dimensões estético-étnicas dinâmicas. Personaje Personaje é um espaço onde as energias não corporais são canalizadas através de um corpo orgânico, a fim de se manifestarem para a interpelação com outros corpos. Fazer, ficcionar e comunicar através de uma ternura radical é o que Personaje Personaje chama de transformismo; uma prática agenciada.
Personaje Personaje (she/her) is a travesti born in Ecuador, and currently living in Spain. Her path starts with psychoanalysis, crossed artistic mediation, unfolds into artistic research, and incarnates through travesti identity. Her work is centered on childhood, raising kinship, dissidence, public space, migration, and bodies and their dynamic aesthethic-ethic dimensions. Personaje Personaje is a space where non-bodily energies are channeled through an organic body, in order to manifest for the interpellation with other bodies. To make, fictionalize, and communicate through a radical tenderness is what Personaje Personaje calls transformism; an agential practice.
“Cabayo” (cabana) desenvolve-se como uma oficina-performance participativa para crianças. Baseia-se nos conceitos de autonomia corporal e ternura radical, invocado através de um ritual travesti. Permite aos participantes, através de uma prática ritual, a reivindicação dos seus corpos como a sua dimensão mais íntima, de forma a prevenir o abuso sexual infantil, a violência doméstica e o bullying. É um convite para entrar num território onde a ficção pode crescer para infetar as narrativas convencionalizadas e desencadear outros futuros a realizar/demonstrar/reivindicar.
Projeto iniciado em residência no Diskurs35 Festival, em Giessen (DE), até agora "Cabayo" foi ativado duas vezes. Ainda há resistência em aceitar a convivência entre crianças e identidades dissidentes , uma luta ainda necessária contra as violências estruturais relacionadas com o colonialismo e o patriarcado. Daqui o interesse em continuar a desenvolver este projeto, nutrindo-se com o feedback de outros artistas e profissionais das artes mas também olhares críticos de outras áreas, numa prática de cuidado mútuo e de criação de redes para apoiar a promoção da ternura e da vivência.
Baseada na prática e teoria transfeminista e ativismo de-colonial, a proposta está centrada na ideia de cuidado radical: não criando dependência nem impondo compêndios educativos, mas desencadeando processos de autonomia e autocuidado, por meio da criação, acompanhamento e presença de um espaço seguro, ao mesmo tempo lúdico e simbólico. "Cabayo" chama a atenção para a relação da criança no seu estágio de desenvolvimento psíquico, no desenvolvimento dos seus caminhos entre o pensamento mágico e a capacidade de abstração formal: um momento perfeito para trabalhar a noção de corpo na sua complexidade carnal e simbólica. "Cabayo" é uma forma de comunicar a importância do movimento constante para além das estruturas identitárias, para uma reivindicação subjetiva e particular de autonomia de ser, com a vivência travesti como continente para acolher e acompanhar o processo.
Esta presença é possível com o apoio da Acción Cultural Española (AC/E)
Cabayo is a participative performance-workshop for children between the ages of 9 to 12. It is based on the concepts of bodily autonomy and radical tenderness, invoked by a travesti ritual. It allows participants, channeled by ritual practice, the claim of their bodies as their most intimate dimension. This project is oriented to prevent children's sexual abuse, domestic violence, and bullying, and it is an invitation to a fertile territory for fiction, for the infection of conventionalized narratives, and for the triggering of futures-to-be-realized/demonstrated/reclaimed. The performance can be adapted to last for two hours or to be developed in two sessions. The performance has been developed in residency at Diskurs35 Festival, in Giessen (DE) for a month, in 2021. So far, Cabayo has been activated two times. There's still resistance to accepting children and dissident identities together, and the struggle responds to structural violence related to colonialism and patriarchy. That's why Personaje Personaje is looking forward to continuing working on this project with the support of other artists, coaches, and curators. For her, this is a practice of mutual care and of creating networks to support the promotion of tenderness and liveable lives. The proposal is based on transfeminist practice and theory, and decolonial activism. For her, it is centered on the idea of care in a radical way: not creating dependence nor imposing educational compendia, but triggering processes of autonomy and self-care, through accompaniment, presence and a safe space context that is both ludic and symbolic. Cabayo is a shared practice to re-claim our bodies and personal-intimate space as well. It brings attention to the relationship of children in their stage of psychic development when crossing the path between magical thinking and formal abstraction capacity: a perfect moment to work on the notion of body in its carnal and symbolic complexity. The encounter of personal presence and safe space, with travesti living experience as a continent to hold and accompany the process, makes Cabayo a way to communicate the importance of constant movement beyond identitary structures, for a subjective and particular claim of the autonomy of being.
This participation is possible with the support of Acción Cultural Española (AC/E)